segunda-feira, 24 de outubro de 2011

.: O nascimento de uma promessa.

O julgamento do TSE que autorizou o nascimento do PSD é uma data histórica para a política brasileira. O entendimento de que a legenda tem legitimidade marca o início de uma movimentação emblemática das forças políticas nacionais, uma reacomodação que, a exemplo do que foi a criação do PSDB em 1988, pode mudar os rumos da nossa organização política.

Nossa análise agora não vai se deter nas questões da multiplicidade dos partidos que levantei na última coluna, mas uma vez tornado real, o PSD merece ser contemplado de mais perto, merece ter consideradas suas características e merece um traçado das expectativas que a sociedade levanta a seu respeito.

O PSD surge num momento de revisão das velhas ideologias. As definições clássicas de Direita e Esquerda já não se ajustam à realidade e o grupo liderado por Kassab parece ter percebido isso de modo muito claro. O mundo mudou, em todo o planeta há o entendimento que os velhos formatos de Estado e economia precisam ser revistos. O investimento no social tornou-se uma exigência a pesar sobre os ombros dos mais liberais, da mesma forma que a responsabilidade fiscal, a redução dos gastos públicos é uma preocupação para os governos mais à esquerda, como é o caso do brasileiro. A experiência tem mostrado que a melhor fórmula é o equilíbrio, o ponderamento e essa descoberta fragiliza, torna obsoleta qualquer posição radicalizada.

O momento é de fato muito parecido com aquele que marcou o surgimento do PSDB há 22 anos atrás. Naquela época, como agora, esperava-se algo novo para oxigenar a política brasileira. Os tucanos se apoiaram nisso atraindo para si toda a expectativa daqueles que ansiavam por mudanças. Diferente de outros partidos, a legenda nasceu forte, reunindo nomes como o de Mário Covas, Franco Montoro, Fernando Henrique Cardoso e foi isso que projetou a legenda que em pouco tempo chegou ao poder.

O PSD segue o mesmo caminho de sucesso. Está fortalecido pelos nomes que o compõe. Não é pouco ser presidido pelo prefeito da maior cidade brasileira. Esse é um capital político inestimável. Soma-se a Kassab, outros nomes que agregam valor à legenda. Como eu disse na coluna anterior, o partido será integrado por políticos que não atuavam confortavelmente na legenda que ocupavam e que eram tolhidos no desenvolvimento de seus projetos. Agora, o novo espaço que ganham é também motivo extra para desempenharem o melhor trabalho.

Especialmente em Goiás, onde acompanhamos a movimentação de perto, vemos um PSD reunir talentos políticos que poderiam se perder nas legendas tradicionais. Talentos que agora ganham novo ânimo, recuperam o viço, fortalecem-se. A adesão de gente com mandato faz do partido uma potência que tem, repito como disse na coluna anterior, chances reais de surpreender nas urnas em 2012.

Não é pouco ser presidido em Goiás por um político como currículo e a estirpe política de Vilmar Rocha. Trazer entre seus integrantes nomes promissores como o de Armando Vergílio, Heuler Cruvinel, Francisco Júnior e Thiago Peixoto é reunir promessas, é alimentar expectativas, é começar muito bem. São quatro deputados federais, cinco estaduais, vereadores, candidatos às prefeituras, enfim, um elenco de fazer inveja. Informações do próprio partido dão conta de que os detentores de mandato que compõem a nova sigla receberam mais de meio milhão de votos. Meio milhão de votos que tendem a migrar com eles, já que o comportamento do eleitorado brasileiro é apoiado no carisma, na personalidade do candidato e muito pouco se prende ao partido ou a ideologia defendida.

Se sem espaço, se disputando a área de influência dentro das legendas antigas, esses nomes já foram capazes de tais feitos, imaginemos o poder de alcance que terão agora, mais a vontade, sem depender das jogos internos de poder das legendas onde não se sentiam confortáveis?

Sem dúvidas, podemos esperar grandes feitos do PSD. No entanto, para ser vitorioso no que se propõe, o novo partido precisa se desvencilhar das ciladas comuns e apoiado na experiência de seus integrantes amadurecer rápido, espelhando-se em outras vivências partidárias, nos erros e acertos de quem já trilhou esse caminho. Crescer até certo ponto e fechar-se será um erro, é preciso manter o entusiasmo de continuar avançando, reunindo talentos e promessas.

A sociedade que assiste o nascimento do PSD espera dele as propostas modernas para os velhos dilemas até agora não resolvidos pelos modelos tradicionais. Espera de seus integrantes a maturidade e a criatividade necessárias para a apresentação de soluções eficientes. O desafio é grande, a responsabilidade imensa, mas a capacidade e o potencial também o são. Ao olhar de perto o PSD que já começou vencendo os primeiros obstáculos que se lhe apresentaram, percebemos que existe uma vocação, não para o nanismo, mas para a participação efetiva dos grandes debates da nação. Vocação que pode ser atendida ou não, dependendo do caminho que a liderança escolher seguir agora. Vamos acompanhar.

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